A Era da Saúde Mental: RH e Saúde Mental – Quatro Orientações para as Organizações

20 Junho 2022

Há alguns anos janeiro foi escolhido como o mês de conscientização sobre os cuidados com a saúde mental.

Esse tema sempre esteve muito perto do nosso coração. O canal no YouTube, os trabalhos da nossa consultoria e a Semana da Cultura Psi existem para que as pessoas possam conhecer o seu mundo interno e assim terem Preparo Emocional para lidar melhor com a vida, com as suas relações.

Para refletir sobre o assunto, apresentaremos quatro princípios que ajudam muito na hora de levar ou reforçar uma cultura de prevenção e cuidado com a saúde mental para a sua organização.

Adentramos a Era da Saúde Mental. O que já era tendência antes da pandemia, agora é certeza: as organizações vão precisar repensar processos e relações a fim de cuidar melhor da saúde mental e também desenvolver o potencial que as mentes de seus colaboradores têm a oferecer. Quando falamos deste tema, não nos referimos apenas à oposição de saúde x doença mental, mas também pensamos sobre como alcançar maior bem-estar psíquico e liberar as nossas potencialidades.

O problema é que neste momento, de Revolução Industrial 4.0, onde as soft skills vão se tornando um diferencial cada vez mais valioso para o profissional e se tornando cada vez mais necessárias, enfrentamos o período de maior sofrimento e adoecimento psíquico da história recente da humanidade.

Antes mesmo da pandemia, a Organização Mundial da Saúde apontava a depressão como a doença mais incapacitante do mundo para 2020. Agora, o cuidado com a saúde mental passou a receber mais atenção e o tema virou prioridade. Todo mundo está ou conhece alguém que esteja sofrendo por conta dos efeitos do isolamento social e da situação como um todo.

Passamos a observar um boom de ansiedade, depressão, distúrbios do sono, irritabilidade, Burnout e vários outros sofrimentos psíquicos.

“Sete em cada dez brasileiros estão com medo acima do normal devido à pandemia de covid-19”. Essa reportagem, da revista Você RH, diz ainda que No Fórum Econômico Mundial de 2019, em Davos, na Suíça, o bem-estar psicológico do indivíduo foi incluído pela primeira vez no relatório que trata dos fatores de risco à economia global. Estimativas mostravam que gastos relacionados a doenças emocionais poderiam chegar a 6 trilhões em todo o mundo até 2030 – mais do que a soma das despesas com diabetes, doenças respiratórias e câncer. E mais: quando foram feitas essas estimativas, ainda não havia como calcular os impactos da pandemia.

Diante desse cenário, torna-se mais difícil mantermo-nos mentalmente equilibrados e produtivos. Como manter as equipes unidas, diante da dificuldade de comunicação sobre esses novos problemas e sofrimentos entre os nossos times e colegas?

Selecionamos 4 orientações para te ajudar a endereçar esse tema na sua empresa ou organização:

Em primeiro lugar, sempre que você se deparar com um caso de alguém que enfrenta um desequilíbrio psíquico, o mais importante é considerar que há um sofrimento em questão.

Vivemos em uma sociedade que tem a ideia de que ter, revelar ou simplesmente falar sobre esses assuntos nos deixa em situação de fraqueza, de vulnerabilidade. Então é preciso reconhecer que o sofrimento existe, sem peso e com naturalidade.

Por mais difícil que possa ser uma conversa ou o convívio com alguém que está passando por uma situação de dificuldade emocional ou psíquica, essa pessoa não está fazendo isso porque quer. Ninguém quer sofrer, mas quando as pessoas estão em sofrimento, elas não respondem da melhor maneira que poderiam. Muito pelo contrário, elas respondem em sofrimento, respondem mal, respondem sem clareza. Há que ter paciência, tolerância e, muitas vezes, auxílio de um profissional para ajudar no manejo de situações de crise.

A segunda observação diz respeito à comunicação. Para desconstruir o tabu e o preconceito, é preciso falar sobre Saúde Mental – formal e informalmente.

O tema deve ser abordado nas comunicações corporativas e conversas sobre o assunto devem ser estimuladas, para que reações muito comuns como ter medo ou pena da pessoa, possam ser transformadas.

Falar sobre saúde mental e lidar com alguém em sofrimento psíquico é algo que se faz com respeito, não com medo ou com pena.

A terceira observação consiste em tomar cuidado com os rótulos, os apelidos, as categorizações. É preciso reconhecer que o outro não é ansioso, deprimido ou “fora da casinha”. Ele ou ela é uma pessoa que está enfrentando uma situação de sofrimento.

Esse tipo de comentário estigmatiza e diminui a pessoa. Ela só precisa de respeito, apoio e cuidado.

Todos nós podemos ter problemas os quais enfrentamos durante nossa vida. É importante saber que o problema não nos define. É ruim definirmos alguém por uma característica ou dificuldade única.

E se você trabalha no RH ou tem formação em alguma área psicológica ou médica, precisa redobrar a sua atenção sobre o modo como se refere a quem enfrenta um sofrimento mental. O peso do que é dito por alguém com um diploma é diferente de um comentário. Um diagnóstico, um sintoma, podem virar um rótulo, aquilo pode ficar carimbado na pessoa e nunca mais sair.

Quarta observação: grande parte dos sofrimentos mentais podem ser prevenidos pela cultura da organização e pela organização do trabalho.

É preciso que façamos uma transformação cultural, partindo das premissas anteriores, para que haja uma cultura que lida melhor com os temas da mente, que permite que a gente identifique mais cedo os sofrimentos.

É o que chamamos de uma cultura Psi, que além de identificar o sofrimento com antecedência, permite que nos comuniquemos e busquemos soluções antecipadamente. Permite também que nos tratemos sem ter medo de perder o emprego ou de ficarmos excluídos das oportunidades, atividades e desafios.

Em segundo lugar, assumir que boa parte dos sofrimentos psíquicos podem ser prevenidos com mudanças na organização do trabalho permite que comecemos projetos que busquem soluções para mudar esse jeito de trabalhar, pensando na nossa saúde mental.

Experiências no mundo inteiro têm demonstrado, há mais de 100 anos, que felicidade e bem-estar mental são muito benéficos para a produtividade. Se quiser saber mais sobre isso, lançamos no nosso canal uma série de vídeos sobre a Síndrome de Burnout que você pode conferir aqui.

A pandemia acabou adiantando o debate sobre o tema da saúde mental nas empresas. Algumas estão sendo velozes e já estão colhendo os frutos. Já existem novos cargos como Diretor de Saúde Mental, de bem-estar ou de felicidade, além do mental health first aider (uma espécie de socorrista de saúde mental).

E a sua empresa, já começou a construir uma Cultura Psi? Torcemos para que sim.

Este texto está também acessível no episódio 117, o primeiro de uma série de 4 episódios sobre saúde mental em nosso canal no YouTube:


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